quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O lugar de onde vimos



Todos nós vimos de um lugar de profundo amor. Trazemos em nós uma herança espiritual de sabedoria e conhecimento que transcende todos os limites da compreensão humana. Somos tudo aquilo que pode existir, na perfeição de tudo o que é. Somos a verdade. Somos a luz. Somos a paz. Somos a fé que não conhece descrença. Somos o amor, a realidade e o irreal. Somos os sentidos e aquilo que sentimos. Somos o ar puro que se respira e somos as maravilhas que nos tiram a respiração. Somos todos os acenos possíveis, a alegria e o prazer. Somos a mão que se estende, o sorriso, a dádiva, a beleza, a harmonia e a simplicidade. Somos simples. Somos tão simples e puros quanto o lugar de onde vimos.


No lugar de onde vimos não há dúvidas e também não se escolhe. Sabemos com certeza aquilo que somos e flutuamos numa dança de gratidão por tudo aquilo que nos permitimos ser. Vivemos na certeza do que nos move, da direção a seguir e do rumo a tomar. Damos e recebemos numa partilha sem ordem e, no entanto, perfeitamente ordeira e equitativa. Reconhecemos o valor de tudo, e o que não é valorizado não existe. Somos verdadeiros para com a nossa natureza e abençoamos essa verdade. Respiramos pausada e tranquilamente como quem respira a vida e para a vida. Estamos. Existimos. Tranquila e simplesmente existimos, e é essa a simplicidade e beleza do lugar de onde vimos.


Quando nascemos não deixamos de nos lembrar da nossa origem nem daquilo que somos. Ganhamos um outro acesso à memória da nossa herança espiritual que nos permite trazer a uma outra realidade – a física – aquilo que a mente humana não pode compreender. Vivemos com a missão de unir duas realidades que jamais devem viver separadas. Essa é a união que nos engrandece e que gratifica a nossa verdade. Temos em nós a imensa capacidade de redescobrir e relembrar como respirar a vida. A vida, por si só, não é mais que uma inspiração contínua de amor.


As escolhas que fazemos, nesta realidade, traduzem o compasso que definimos para a nossa inspiração. Existe algum desafio e, com ele, algum prazer, em tornar a vida numa longa e pausada inspiração. Vai-se saboreando a redescoberta em pequenos impulsos que nos fazem palpitar de curiosidade e de entusiasmo. Na verdade, não há um tempo único ou passo certo para inspirar. Cada um de nós, ao seu ritmo, vai reconhecendo a sua verdade. Temos uma missão única e pessoal. Escolhemos vir ao mundo dar o melhor de nós. Temos a magnificência da partilha e da contribuição. Na vida, não fazemos mais do que dar aos outros o que é de todos com o toque especial da nossa especificidade. 


Nesta realidade, não há pessoas iguais. Não há missões falhadas nem propósitos vencidos. Cada um de nós, à sua maneira, vem cumprir a missão que definiu para si. Somos infinitamente especiais e é essa forma especial de vir a este mundo que permite que nos amemos uns aos outros, que nos faz amar a vida e a nós próprios. Independentemente das escolhas que fazemos e do ritmo a que respiramos, vivemos com um objetivo comum, ainda que com matizes distintos. Independentemente das escolhas que fazemos, somos todos imprescindíveis à expansão, à evolução e à redescoberta da forma pura e simples de amar. 


A dificuldade que existe em aceitarmos a diferença entre nós é a mesma dificuldade que temos em nos relembrarmos da nossa origem, da nossa missão e daquilo que somos. A coragem e a tolerância são as portas para a aceitação. Com coragem, damos um passo em frente, na saída da nossa zona de conforto. Arriscamos ultrapassar os medos e esquecer a separação para compreender um pouco mais. É a coragem que nos permite sermos grandes, maiores que os nossos medos, que as barreiras e a falta de memória. A tolerância é a porta que nos permite aceitar a diferença e que nos abre o caminho a sentirmos a magia de ver o propósito dos outros como um complemento ao nosso. A coragem e a tolerância são as portas para nos relembrarmos de onde vimos e nos completarmos com as partes de nós que esquecemos – os outros.


Neste lugar onde vivemos, não estamos sozinhos. Somos a mesma verdade e o mesmo amor em partes iguais, fisicamente separadas, mas espiritualmente unidas. Somos a mesma essência. Um pouco em mim, em ti e nos outros. Somos o sorriso, a generosidade, a visão, a arte de uns. Somos a beleza, a harmonia e a tranquilidade de outros. Somos o aventureiro, o guerreiro e o resiliente. Somos o otimista, o imaginativo e o sonhador. Somos os que cuidam, os que protegem, os curam e os que se responsabilizam. Somos os que inovam, os que gerem, os que pesquisam e os que constroem. Somos os que acreditam e os que perseguem o impossível. Somos os que perdoam e os que amam incondicionalmente. 


No lugar de onde vimos tudo é simples, puro e sereno. No lugar de onde vimos só existe aquilo que somos e o que somos é o Amor.