Todos nós vimos de um lugar de
profundo amor. Trazemos em nós uma herança espiritual de sabedoria e
conhecimento que transcende todos os limites da compreensão humana. Somos tudo
aquilo que pode existir, na perfeição de tudo o que é. Somos a verdade. Somos a
luz. Somos a paz. Somos a fé que não conhece descrença. Somos o amor, a
realidade e o irreal. Somos os sentidos e aquilo que sentimos. Somos o ar puro
que se respira e somos as maravilhas que nos tiram a respiração. Somos todos os
acenos possíveis, a alegria e o prazer. Somos a mão que se estende, o sorriso,
a dádiva, a beleza, a harmonia e a simplicidade. Somos simples. Somos tão
simples e puros quanto o lugar de onde vimos.
No lugar de onde vimos não há
dúvidas e também não se escolhe. Sabemos com certeza aquilo que somos e
flutuamos numa dança de gratidão por tudo aquilo que nos permitimos ser. Vivemos
na certeza do que nos move, da direção a seguir e do rumo a tomar. Damos e
recebemos numa partilha sem ordem e, no entanto, perfeitamente ordeira e
equitativa. Reconhecemos o valor de tudo, e o que não é valorizado não existe.
Somos verdadeiros para com a nossa natureza e abençoamos essa verdade.
Respiramos pausada e tranquilamente como quem respira a vida e para a vida.
Estamos. Existimos. Tranquila e simplesmente existimos, e é essa a simplicidade
e beleza do lugar de onde vimos.
Quando nascemos não deixamos de
nos lembrar da nossa origem nem daquilo que somos. Ganhamos um outro acesso à
memória da nossa herança espiritual que nos permite trazer a uma outra
realidade – a física – aquilo que a mente humana não pode compreender. Vivemos
com a missão de unir duas realidades que jamais devem viver separadas. Essa é a
união que nos engrandece e que gratifica a nossa verdade. Temos em nós a imensa
capacidade de redescobrir e relembrar como respirar a vida. A vida, por si só,
não é mais que uma inspiração contínua de amor.
As escolhas que fazemos, nesta realidade,
traduzem o compasso que definimos para a nossa inspiração. Existe algum desafio
e, com ele, algum prazer, em tornar a vida numa longa e pausada inspiração. Vai-se
saboreando a redescoberta em pequenos impulsos que nos fazem palpitar de
curiosidade e de entusiasmo. Na verdade, não há um tempo único ou passo certo
para inspirar. Cada um de nós, ao seu ritmo, vai reconhecendo a sua verdade. Temos
uma missão única e pessoal. Escolhemos vir ao mundo dar o melhor de nós. Temos a
magnificência da partilha e da contribuição. Na vida, não fazemos mais do que
dar aos outros o que é de todos com o toque especial da nossa especificidade.
Nesta realidade, não há pessoas
iguais. Não há missões falhadas nem propósitos vencidos. Cada um de nós, à sua
maneira, vem cumprir a missão que definiu para si. Somos infinitamente
especiais e é essa forma especial de vir a este mundo que permite que nos
amemos uns aos outros, que nos faz amar a vida e a nós próprios.
Independentemente das escolhas que fazemos e do ritmo a que respiramos, vivemos
com um objetivo comum, ainda que com matizes distintos. Independentemente das
escolhas que fazemos, somos todos imprescindíveis à expansão, à evolução e à
redescoberta da forma pura e simples de amar.
A dificuldade que existe em
aceitarmos a diferença entre nós é a mesma dificuldade que temos em nos
relembrarmos da nossa origem, da nossa missão e daquilo que somos. A coragem e
a tolerância são as portas para a aceitação. Com coragem, damos um passo em
frente, na saída da nossa zona de conforto. Arriscamos ultrapassar os medos e
esquecer a separação para compreender um pouco mais. É a coragem que nos
permite sermos grandes, maiores que os nossos medos, que as barreiras e a falta
de memória. A tolerância é a porta que nos permite aceitar a diferença e que
nos abre o caminho a sentirmos a magia de ver o propósito dos outros como um
complemento ao nosso. A coragem e a tolerância são as portas para nos relembrarmos
de onde vimos e nos completarmos com as partes de nós que esquecemos – os outros.
Neste lugar onde vivemos, não
estamos sozinhos. Somos a mesma verdade e o mesmo amor em partes iguais,
fisicamente separadas, mas espiritualmente unidas. Somos a mesma essência. Um
pouco em mim, em ti e nos outros. Somos o sorriso, a generosidade, a visão, a arte
de uns. Somos a beleza, a harmonia e a tranquilidade de outros. Somos o
aventureiro, o guerreiro e o resiliente. Somos o otimista, o imaginativo e o
sonhador. Somos os que cuidam, os que protegem, os curam e os que se
responsabilizam. Somos os que inovam, os que gerem, os que pesquisam e os que
constroem. Somos os que acreditam e os que perseguem o impossível. Somos os que
perdoam e os que amam incondicionalmente.
No lugar de onde vimos tudo é simples,
puro e sereno. No lugar de onde vimos só existe aquilo que somos e o que somos
é o Amor.
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