terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A vida nas mãos



A nossa vida desenvolve-se em torno de questões cujas respostas dão forma à sua essência. À medida que vamos vivendo, somos, intuitiva e instintivamente, impulsionados ao questionamento do que deve ser a nossa vida. A capacidade de resposta perante o autoquestionamento revela-se na proporção direta da descoberta do caminho a seguir e do entendimento do seu sentido. Somos, pois, seres em permanente redescoberta ou relembrança do plano por nós previamente traçado e entretanto esquecido.


As questões que formulamos são as bases lançadas para o autodesenvolvimento: Qual o propósito das minhas escolhas? Que caminho seguir? Qual a razão por detrás que cada circunstância? Para quê e porquê viver? O que é esperado de mim? Que devo fazer com a minha vida? – Estas e tantas outras questões vão dando corpo a um caminho de reconhecimento não da vida, mas de nós próprios. Há todo um processo de identificação da teia que vamos construindo, criada por nós, como um filho que se abraça pela primeira vez depois do plano pormenorizado da conceção e do período da gestação. A nossa vida, tal como já a vivemos, vamos vivendo e ansiamos por viver cabe perfeita nas nossas mãos e vai-se desfrutando na medida das questões que vamos fazendo a nós próprios.


O segredo de uma vida congruente com o nosso plano é descodificado não pelas respostas que damos, mas pela nossa capacidade de fazer as perguntas acertadas. É uma questão de perspetiva e uma questão em perspetiva que nos permite abrir o campo de resposta, ilimitado e sincronizado com as nossas motivações. A nossa capacidade de questionamento é uma ligação direta que se consegue entre o que nos move, e para além de todas as condicionantes externas, e a nossa potencialidade para responder perante esse impulso. 


Nascemos com um motivo. Não somos fruto do acaso nem estamos perdidos num caos sem precedentes. Fazemos parte de uma ordem natural que coloca todas as peças seria e rigorosamente ordenadas num puzzle e que retrata um maravilhoso mundo aberto a todas as questões possíveis. Viemos com um código pessoal que permite a descodificação da matriz global. Cada um de nós, na sua perfeita especificidade, faz parte deste todo que se quer unido. Viemos para dar sentido a tudo que não se compreende, independentemente da compreensão que tenhamos sobre nós próprios e sobre a nossa missão. Seria verdadeiramente pretensioso achar-se que somos resultado de um qualquer processo alheio ao processo de que é composto aquilo que é a razão de viver. Somos um caso sério de existência definida, com um antes, um durante e um após concretos que necessitam de ser compreendidos, e é nossa responsabilidade descortinar esta magia transcendente.


Há uma luz em nós à espera, inquieta e ansiosa, de ser descoberta para iluminar o mundo no seu fulgor. Essa luz é uma força vital que nos permite encandear a nossa vida com uma alegria exuberante, permanentemente entusiasmada por iluminar o caminho da descoberta de nós e do outro. É esta luz que faz com que as nossas questões não sejam feitas a partir de processos lógicos e orientadas para a resposta que se pretende ter, mas sim feitas e vindas de dentro, desta força motivadora, para nos voltarmos para nós próprios, onde tudo começa e termina.


Há, em cada um de nós, um toque especial e único, em forma de talento, dom, potencial, coragem, sabedoria, voz, silêncio, visão, prazer e quietude, que faz com que este contacto com o mundo e com esta vida seja a concretização de um plano maior. O que nos define não é o nome, o título, a imagem, a presença, a ausência, os feitos identificados, o anonimato, nem a história nem o futuro. O que nos define é a nossa capacidade de nos questionarmos, vezes e vezes sem conta, até que as questões que formulamos ressoem em nós em busca da sua verdade. O que nos define é a capacidade de criarmos essa ressonância dentro de nós para que entremos bem fundo na nossa identidade e consigamos trazer à nossa consciência aquilo que queremos colocar no mundo. São as questões acertadas, feitas com o coração e a partir de um lugar de amor, que nos fazem despertar para o que queremos ser e que seja a nossa vida e, no final, deixarmos o nosso brilho no mundo.


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