A nossa vida desenvolve-se em
torno de questões cujas respostas dão forma à sua essência. À medida que vamos
vivendo, somos, intuitiva e instintivamente, impulsionados ao questionamento do
que deve ser a nossa vida. A capacidade de resposta perante o
autoquestionamento revela-se na proporção direta da descoberta do caminho a
seguir e do entendimento do seu sentido. Somos, pois, seres em permanente
redescoberta ou relembrança do plano por nós previamente traçado e entretanto
esquecido.
As questões que formulamos são as
bases lançadas para o autodesenvolvimento: Qual o propósito das minhas
escolhas? Que caminho seguir? Qual a razão por detrás que cada circunstância?
Para quê e porquê viver? O que é esperado de mim? Que devo fazer com a minha
vida? – Estas e tantas outras questões vão dando corpo a um caminho de
reconhecimento não da vida, mas de nós próprios. Há todo um processo de identificação
da teia que vamos construindo, criada por nós, como um filho que se abraça pela
primeira vez depois do plano pormenorizado da conceção e do período da
gestação. A nossa vida, tal como já a vivemos, vamos vivendo e ansiamos por
viver cabe perfeita nas nossas mãos e vai-se desfrutando na medida das questões
que vamos fazendo a nós próprios.
O segredo de uma vida congruente
com o nosso plano é descodificado não pelas respostas que damos, mas pela nossa
capacidade de fazer as perguntas acertadas. É uma questão de perspetiva e uma
questão em perspetiva que nos permite abrir o campo de resposta, ilimitado e
sincronizado com as nossas motivações. A nossa capacidade de questionamento é
uma ligação direta que se consegue entre o que nos move, e para além de todas
as condicionantes externas, e a nossa potencialidade para responder perante
esse impulso.
Nascemos com um motivo. Não somos
fruto do acaso nem estamos perdidos num caos sem precedentes. Fazemos parte de
uma ordem natural que coloca todas as peças seria e rigorosamente ordenadas num
puzzle e que retrata um maravilhoso mundo aberto a todas as questões possíveis.
Viemos com um código pessoal que permite a descodificação da matriz global.
Cada um de nós, na sua perfeita especificidade, faz parte deste todo que se
quer unido. Viemos para dar sentido a tudo que não se compreende,
independentemente da compreensão que tenhamos sobre nós próprios e sobre a
nossa missão. Seria verdadeiramente pretensioso achar-se que somos resultado de
um qualquer processo alheio ao processo de que é composto aquilo que é a razão
de viver. Somos um caso sério de existência definida, com um antes, um durante
e um após concretos que necessitam de ser compreendidos, e é nossa
responsabilidade descortinar esta magia transcendente.
Há uma luz em nós à espera,
inquieta e ansiosa, de ser descoberta para iluminar o mundo no seu fulgor. Essa
luz é uma força vital que nos permite encandear a nossa vida com uma alegria
exuberante, permanentemente entusiasmada por iluminar o caminho da descoberta
de nós e do outro. É esta luz que faz com que as nossas questões não sejam
feitas a partir de processos lógicos e orientadas para a resposta que se
pretende ter, mas sim feitas e vindas de dentro, desta força motivadora, para
nos voltarmos para nós próprios, onde tudo começa e termina.
Há, em cada um de nós, um toque
especial e único, em forma de talento, dom, potencial, coragem, sabedoria,
voz, silêncio, visão, prazer e quietude, que faz com que este contacto com o
mundo e com esta vida seja a concretização de um plano maior. O que nos define
não é o nome, o título, a imagem, a presença, a ausência, os feitos identificados,
o anonimato, nem a história nem o futuro. O que nos define é a nossa capacidade
de nos questionarmos, vezes e vezes sem conta, até que as questões que
formulamos ressoem em nós em busca da sua verdade. O que nos define é a
capacidade de criarmos essa ressonância dentro de nós para que entremos bem
fundo na nossa identidade e consigamos trazer à nossa consciência aquilo que
queremos colocar no mundo. São as questões acertadas, feitas com o coração e a
partir de um lugar de amor, que nos fazem despertar para o que queremos ser e
que seja a nossa vida e, no final, deixarmos o nosso brilho no mundo.
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