terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O elogio do milagre


Ultimamente tenho tido o enorme privilégio de estar rodeada de um número considerável de mulheres extraordinárias a experienciar o milagre da maternidade. Sem menosprezar o papel masculino na tarefa de trazer um ser ao mundo, acho transcendente o processo evolutivo de se ser mãe, independentemente das circunstâncias, do quão planeada foi ou não a gravidez, da preparação consciente ou não para este estado de graça, ou até mesmo da decisão de engravidar muitas vezes não bem-sucedida. A verdade é que a maternidade ocorre quando a mulher dá os primeiros passos na sua decisão de abraçar o projeto de engravidar, consciente no seu coração, e não na razão, da verdadeira noção de ser mãe.

Quando digo que tenho tido um enorme privilégio, digo-o porque tenho tido a possibilidade de observar de perto, mas com o devido distanciamento, a evolução que este milagre opera na vida destes seres fantásticos que se encontram irredutível e generosamente preparados para criar, construir e dar vida dentro de si.
Através do olhar compassivo de amiga, do olhar analista de numeróloga ou do olhar cúmplice de mulher, tenho acompanhado as alegrias, o entusiasmo, os medos, as hesitações e, sobretudo, a tomada de consciência da grandiosidade da inevitável mutação interior. Não tenho a pretensão de falar da experiência da maternidade na primeira pessoa, cabe-me sim fazer um comentário elogioso a todas as mulheres que, perdidas no imenso mar das emoções e da sensibilidade exacerbada e na dança descompassada e flutuante das hormonas, se revelam guerreiras vitoriosas na arte de amar, de se ordenar perante tanta desordem emocional e de preparar um berço livre de agonias, de desassossegos, de inconstâncias e receios, de drama e sofrimento, e acolchoado de felicidade, sorrisos, emoções partilhadas e laços de profundo afeto e amor.

Enquanto numeróloga, acredito que há um caminho traçado antes do nascimento, escolhido consciente e deliberadamente pela alma que decide nascer, e que esse caminho reúne as condições necessárias à descoberta da felicidade num processo constantemente evolutivo. Acredito também que a alma, na escolha de tal caminho, elege igualmente aqueles que prepararão a sua vinda a este mundo, sabendo certamente que será no colo desses companheiros de jornada, no olhar ou no carinho terno sem palavras que acolherá em si a sua primeira experiência deste mundo, absorvendo igualmente as primeiras emoções, aquelas que serão a impressão digital da alma nesta experiência terrena.
Enquanto numeróloga confio, genuína e firmemente, que o propósito da vida está determinado muito antes dos primeiros passos ou da consciência da vida em si, muito antes de tudo aquilo que possamos conhecer e desejar. A vida é um caminho único e pessoal de cada alma, definido por critérios próprios, sábios e divinos como a alma em si, que permite que tudo aconteça com a máxima perfeição, respeitando o tempo e a expetativa de evolução de cada alma.

Por vezes é importante retomarmos ao ponto em que tudo começa, dentro das possibilidades que nos são permitidas, e repensar a vida na sua instância primeira: o momento em que também nós, agora adultos formados pelas experiências e tão aparentemente conscientes da nossa verdade e caminho, respirámos pela primeira vez o ar de quem nasce ansioso por mais uma vida, tão pré definida e orientada e, no entanto, tão visivelmente em branco, como que aguardando que nos seja dita qual a vida que devemos escolher. Repensar a vida a esse nível é abrir um caminho consciente à aceitação do propósito que escolhemos, tão certo e definido, escrito e imaginado com a precisão de quem vive totalmente determinado a existir da maneira mais perfeita. Repensar a vida a este nível é abrir um caminho à aceitação do propósito que outros escolheram, anuindo com tolerância, respeito e amor incondicional.

O meu olhar compassivo e cúmplice de amiga e mulher diz que não há maior desafio, maior oportunidade e caminho mais certo que aceitar e permitir incondicionalmente que o milagre surja em nós, de dentro de nós para o mundo, porque quando permitimos que o nosso corpo, a nossa vida e a nossas emoções sejam partilhados ao ponto de inspirarem novas vidas, novos começos e novos caminhos, aí surge o propósito da vida em si, a finalidade suprema da existência e o amor incondicional acontece.

Um obrigada especial a todas as extraordinárias mulheres que me têm ensinado, com a sua experiência, a entender a vida do ponto de vista de quem aceita que a vida nasça em si e a conhecer um pouco mais de perto a verdadeira forma de viver amando incondicionalmente.


6 comentários:

  1. escreves muuuuiiiiiiitttto bem! fiquei rendida a este texto!vamos conseguir! :) um beijinho da bruxinha

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  2. Yes we can!!! Beijinho minha querida e obrigada ;)

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  3. És também tu uma dessas mulheres extraordinárias!
    Parabéns pelo teu blog!

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  4. Parabéns! Escreves muito bem! :)

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