sexta-feira, 5 de abril de 2013

Hoje sinto-me bem!



Nos últimos tempos, parece ser generalizada a sensação de mal-estar. Para além da típica atitude portuguesa do “vai-se andando”, parece ser cada vez mais frequente ouvirmos pessoas que se queixam e, para dois dedos de conversa sobre as dores do espírito (quando não as do corpo), não faltam nunca razões.


É uma verdade incontestável que não faltam motivos de queixa, seja pelo estado do país ou pela crise financeira, dos quais me recuso a falar aqui no blog – por aqui só passa energia positiva e construtiva –, seja porque “o tempo não dá para nada”, seja porque os filhos só dão dores de cabeça, seja porque as coisas no trabalho “estão complicadas”, seja porque “do jeito que isto está não se aguenta”, seja porque sim, seja porque não ou seja porque talvez. No fim de contas vai-se a analisar com atenção e distanciamento e a queixa já deixou de ser queixa, passou, sim, a ser um modo de estar, de viver e de lidar com todas as circunstâncias, tanto as boas como as más.


Tenho aprendido com o tempo a distanciar-me daquilo que não me faz bem e tenho aprendido também que a mente se formata, inclusivamente com bastante facilidade e rapidez, basta que se queira. Dizem os entendidos que são precisos vinte e um dias de prática reiterada para que o hábito ou costume se interiorize até se tornar parte integrante da nossa conduta. Sinceramente, não sei se são precisos vinte e um dias nem se é preciso uma prática reiterada, sei apenas que basta a intenção e a consciência da mudança. 


Não querendo dar aqui quaisquer lições de moral, até porque o “sentir-se mal”, seja para com os outros, para com a vida ou para consigo próprio, é um direito adstrito de qualquer ser humano, quero apenas falar das mudanças que empreendi, e continuo a empreender, na minha vida para permitir que o bem-estar tomasse lugar e, assim, pudesse tornar esta estadia por aqui numa experiência mais favorável e algo que possa um dia relatar num qualquer pós-vida e a quem interessar. 


Primeira ação: deixar de me queixar. Qualquer que seja o mal que paire na minha vida, é preferível aceitá-lo como um facto do que como um motivo de queixa. Da aceitação vem a possibilidade de alcançar outras perspetivas e a queixa, por si só, não resolve problemas.


Segunda ação: deixar de me compadecer com as queixas alheias. Por muita vontade que tenha de ajudar os outros, a validação das suas queixas não os vai fazer sair do mesmo sítio, e muito menos a mim.


Terceira ação: mudar o que está mal, nem que isso implique mudar alguma coisa em mim. Se as circunstâncias não mudam, se os outros não mudam e eu continuo mal, mais vale ser eu a mudar. Afinal de contas, por muito redutora que seja a margem de manobra, as circunstâncias da minha vida influencio-as eu.


Quarta ação: deixar de ver notícias, não alimentar comentários políticos ou anticrise e nem por um segundo fazer zapping à hora em que os canais nacionais dão programas facilitadores de estados depressivos ao reportar casos de doenças e outras fatalidades semelhantes. Conhecer a desgraça que existe no mundo, pelo menos sem intenção de promover mudanças na situação em questão, não produz boas emoções dentro de nós nem à nossa volta, e um estado de espírito leve, feliz e descontraído atrai situações em concordância.


Quinta ação: Após a exclusão de elementos perturbadores, procurar focos de boa energia. Ler muitos livros de autoajuda e reter apenas o que realmente interessa, praticar atividades que estimulem o bem-estar físico que também é essencial, rodear-me de pessoas que tenham o mesmo foco de atenção e que me incentivem a continuar a demanda e, por fim, procurar a fonte dentro de mim – o único local a que devo acorrer sempre que a queixa volta a espreitar.


Apesar de parecem ações trabalhosas e, até, algo drásticas, na verdade drástico é passar toda uma vida preso a um modo de viver que vai corroendo, destruindo lentamente a natureza humana que é, por defeito, alegre e harmoniosa. Sentirmo-nos bem não deve ser, nem tem de ser, um estado de espírito momentâneo e esporádico. Sentirmo-nos bem deve ser uma condição de existir, caso contrário, de que vale ter alegrias na vida quando nem sequer damos oportunidade a que se façam notar, de tal orientados que estamos para as nossas queixas? Sentirmo-nos bem deve ser, acima de tudo, uma forma de contagiarmos o mundo com a nossa forma de ver a vida, numa inspiração profunda da experiência de estar vivo, na consagração do bem e bom que é viver.


É sempre uma opção pessoal a de escolher de que lado queremos estar perante a vida. Optar pela queixa, insistindo na luta de remar contra a maré e focando a nossa atenção nas emoções negativas que afundam os projetos de felicidade é um direito reservado à existência humana, em todas as formas possíveis e imaginárias. Mas o ato de desprezar o que com insistência nos projeta para o abismo e nos faz renunciar ao lado bom da vida é um ato de coragem, consciente e sentido do valor, sem preço, de viver em paz e com peito inflado de felicidade. 


Cultivar energia positiva e uma forma de estar serena e feliz é uma forma de nos conhecermos melhor a nós próprios, de honrar a própria vida e de ganharmos a oportunidade de, perante a queixa dizer “hoje não que me sinto bem”. 


A vida é uma experiência boa e feliz, e, para que assim seja, não precisamos de razões. Por vezes basta não nos queixarmos. 


Hoje sinto-me bem :)


2 comentários:

  1. Gostei mesmo! O bem estar é sem dúvida um modo de vida.

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    1. Obrigada! É bom saber que há quem partilhe das nossas opiniões ;)

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